Luís Manuel Leitão Canotilho
luiscano@ipb.pt
12/04/57
Freguesia de Vila da Ponte, concelho de Sernancelhe.
Licenciado em Pintura, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Doutor em Ciências da Educação, pela Faculdade de Filosofia e Ciências da
Educação da Universidade de Salamanca.
Professor Coordenador na Escola Superior de Educação do Instituto
Politécnico de Bragança.
Além dos artigos e comunicações realizadas, tem sido responsável pelo
acompanhamento e arguente de teses de mestrado e doutoramento no campo da
Educação Artística em Portugal e Espanha.
Principal publicação: “Fundamentos Teóricos e Práticos da Perspectiva
Artística”
Investigação no campo artístico:
1986 -
Exposição Individual de Pintura na Cooperativa Árvore do Porto.
1987 - Exposição Individual de Pintura no “Clube de Bragança”.
- Exposição Individual de Pintura no Museu do Abade de Baçal em Bragança.
- Exposição Individual de Pintura no Centro Cultural de Fafe.
- Exposição Individual de Pintura na Galeria Augusto Gomes em Matosinhos.
1988 - Exposição Individual de Pintura na Escola Superior de Educação de
Bragança.
- Exposição Individual de Pintura no Centro Cultural Municipal de Bragança.
- Exposição Individual de Pintura em Coimbra.
- Exposição Individual de Pintura no Átrio da Câmara Municipal de Santo
Tirso.
1989 - Exposição Individual de Pintura em Braga.
1990 - Exposição Individual de Pintura no Museu do Abade de Baçal em
Bragança.
- Exposição Individual de Pintura e Escultura Cerâmica no Museu Municipal de
Mirandela.
1991 - Exposição Individual de Pintura e Cerâmica, no Edifício do Moderno em
Bragança.
1992 - Exposição Individual de Pintura na sala de exposições da Delegação
Regional de Turismo do Nordeste Transmontano, em Bragança.
- Exposição individual de Pintura no Bar Bibau, em Macedo de Cavaleiros.
- Exposição Individual de Pintura no edifício da Câmara Municipal, em
Sernancelhe.
1996 - Colocação dos painéis em azulejo da Rua Alexandre Herculano em
Bragança.
1997 - Execução de uma placa em bronze do Abade de Baçal, para a entrada da
Escola Secundária com o seu nome em Bragança.
- Realização do Painel em Azulejo para o Instituto Superior de Estudos
Interculturais e Transdisciplinares de Mirandela (I.S.E.I.T.).
2000 - Execução da tapeçaria para o Salão Nobre do Governo Civil de Bragança
na dimensão de 800cmx800cm.
- Execução do trabalho de “Pintura
Gráfica” em postais tipo do correio, sobre a Linha do Sabor, linha de
desactivada entre duas Igrejas e Pocinho.
2002 - Execução de
decoração de um fontanário na aldeia de Paradinha Nova / Bragança.
Apesar da sua actividade artística se desenvolver fundamentalmente nos
campos da pintura e da cerâmica artística, tem realizado inúmeros projectos
de heráldica, trabalhos como medalhista, troféus e tapeçarias. |
O
sonho dos Mascaretos” de Luís Canotilho
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O Mistério da Intuição ou a Alfabetização Visual?
Parece ser normal e evidente nos tempos actuais, a perseguição da
“inovação”, da “modernidade”, da “contemporaneidade” e da
“pós-modernidade”. A dualidade do pensamento estético primário só
permite colocar em oposição a “modernidade” com o “clássico” ou o
“fashion” com o “démodé”, como que confundida com a dualidade do
pensamento religioso primário. Possivelmente, estamos perante uma génese
de ideias pouco ambiciosas e limitadas, sempre atentos a quem tem a
“coragem” de dar o passo seguinte para depois se estabelecer o mero
exercício da procura do “objecto diferente”.
Esta vertigem de propósitos limita e subjuga as nossas vivências,
envergonha as nossas origens sócio-culturais e limita o pensamento às
ideias estereotipadas importadas, tendo como referência as agendas
culturais definidas na comunicação social televisiva.
Julgo que este não será o meu papel. Perseguir a diferença e a inovação
constitui uma atitude subjugante que limita o pensamento artístico aos
níveis mais básicos.
Não questiono e nem processo a “diferença” ou mesmo a “modernidade”,
termo pegajosamente cansado. Limito-me a ser igual a mim mesmo, tentando
permanentemente conhecer-me através da pesquisa íntima dos sonhos e
realidades, formação artística e científica, vivências e referências
culturais, como que tendo por missão a sua defesa, preservação e
divulgação. |
Portanto, de forma consciente e intencional, permito-me à sedutora
vulnerabilidade perceptiva em relação ao meio sócio-cultural que permite
a minha existência. Procurando absorver as inúmeras influências
fisiológicas, sociais, tribais, crenças, temores, etc. que permitem
elaborar o pensamento perceptivo para a construção da minha linguagem
visual.
A “intuição” e o “caos” perseguem a actividade cultural tornando-a campo
privilegiado da “autodidaxia” e da “cura psíquica” nos países em vias de
desenvolvimento. Não tendo mesmo nada a ver com o fenómeno sobrenatural,
constitui um campo de investigação (objectiva e subjectiva) onde a
alfabetização visual está coerente com os processos elementares de
comunicação. Os fundamentos sintácticos da alfabetização visual residem
na composição, como forma de se questionarem e resolverem os problemas
visuais através do emprego de decisões compositivas que definem o
propósito e o significado do trabalho visual. A composição, é sem
dúvida, a etapa mais vital no processo criativo, já que constitui o
momento em que o criador exerce maior controlo sobre o seu trabalho.
No contexto da alfabetização visual, a “sintaxes”, significa a
disposição ordenada dos elementos, exigindo a designada “inteligência
matemática”. Apesar de não existirem regras absolutas, o objectivo final
resulta no estabelecimento de uma orquestração dos elementos visuais que
queremos compor.
Pitágoras – “O Número de Ouro”, Luca Pacioli – “Divina Proporção” ou
mesmo Lomazzo – “Trattato dell’arte della pittura”, depressa
compreenderam a necessidade da aplicação da geometria na composição,
quer através da medida de ouro, do rectângulo dinâmico com as
respectivas armaduras, quer resgatando a actividade artística do lamaçal
do mistério da intuição e colocando-a no patamar do conhecimento e da
investigação.
Há muito que a dominante civilização ocidental compreendeu a existência
universal e a existência de Deus através de regras geométricas. Esta
compreensão colocou Almada e Lima de Freitas no patamar da
universalidade compositiva.
Mas a composição não se limita ao fenómeno da disposição dos elementos
visuais (linha, cor, contorno, direcção, textura, escala, dimensão e
movimento) ou do jogo do puzzle da tonalidade. O conhecimento
obrigatório desta linguagem permite a construção de infinitas hipóteses
perante a variação dos elementos enunciados. Poderá então a
subjectividade do pensamento artístico privilegiar o emprego ou rejeição
dos elementos e da tonalidade, manipulando-os através da eleição da
técnica individual ou de técnicas mistas consideradas na base das
capacidades psico-motoras. Este fenómeno constitui o que eu designo de
inteligência visual aplicada que nada tem a ver com o “fenómeno” ou o
“mistério” da intuição. No dicionário, intuição (do latim intuitiõne) é
definida como “conhecimento directo e imediato sem recurso de
raciocínio; espécie de simpatia intelectual…” Ora a designada
“inspiração” irreflexiva ou temperamental não pode ser aceitável no
contexto cultural. A mensagem visual é um produto de uma planificação
metódica dependente de uma alfabetização visual, da capacidade
psico-motora e positivamente influenciada pelo contexto sócio-cultural.
Luís
Canotilho |
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