Localizada no centro da povoação, a Farmácia vive com uma
proximidade permanente com a população. Disponibilidade e confiança
são os lemas deste espaço dedicado à saúde, que já conta com mais de
cem anos de experiência, sendo foi fundada pelo farmacêutico Acácio
Aníbal de Almeida Mota em 1899.
Situada num meio fundamentalmente rural, a Farmácia Mota possui uma
componente social muito grande. "têm muitos clientes a crédito. E não
é por uma questão de não terem o dinheiro para pagar, mas por uma
questão de tradição. No fim do mês eles pagam as suas contas
religiosamente".
Pelo balcão da farmácia passam muito mais do que prescrições médicas.
Passam histórias de vida e várias gerações de clientes.
O estabelecimento tem mesmo uma funcionária já com muitos anos de
serviço e com uma postura e experiência exemplar.
As pessoas conhecem-se bem e, por isso, existe uma relação muito
próxima
entre a farmácia e a população.
A Farmácia Mota tem vários serviços disponíveis, sendo os controles da
tensão arterial, o peso, divulgação de dietas a medição do colesterol
e da glicemia, os mais requisitados. As pessoas ficam muito
satisfeitas com tais serviços e existe uma confiança muito grande.
Além disso, a
farmácia possui uma "disponibilidade que não se encontra nos outros
serviços
de saúde". Ou seja, as pessoas podem recorrer à farmácia, mesmo depois
do
horário de funcionamento, e se necessário levam os medicamentos ao
domicílio às várias aldeias das proximidades.
O investimento na farmácia tem sido contínuo; é importante tornar o
espaço aprazível e funcional para melhor servir. Assim, as mais-valias
da
Farmácia Mota são o atendimento e a renovação permanente. Por tal, a
farmácia foi modernizada ultimamente, situada num edifício recém
construído, e com bom parque de estacionamento.
"Nós marcamos consultas, análises, radiografias, chamamos táxis", refere a
Drª Cristina Inocência, a a Directora e Proprietária. Mais uma vez, a
filosofia deste
estabelecimento cruza-se com uma vertente social muito vincada. Em
simultâneo, neste espaço dedicado à saúde, é possível encontrar uma
grande
diversidade de produtos e uma moderna óptica
Actualmente, farmácias enfrentam novos desafios. Em muitos
casos, estes
alteram a orgânica e a especificidade destes locais. Relativamente à
introdução crescente dos genéricos no mercado, trata-se de algo
muito positivo, pois "existe uma despesa muito grande e difícil
suportar". Todavia, ainda se verifica um desconhecimento muito grande
nos meios rurais. As pessoas sabem o que são genéricos, mediante
aquilo que os farmacêuticos lhes explicam. Nos meios rurais, os
utentes só começaram a reparar quando viram que tinham que pagar mais.
No entanto, se os médicos prescreverem medicamentos de marca, eles não
questionam.
Paralelamente, levanta-se a questão de os genéricos não serem iguais
aos
medicamentos de marca. "O INFARMED devia estipular qual o método usado
para medir a biodisponibilidade e bioequivalência, pois o método que
eles obrigam o laboratório a apresentar não está unificado. Isto
significa que o princípio activo e a quantidade são os mesmos, mas a
maneira como é libertado e o tempo é que podem não ser".
A concorrência das grandes superfícies é outro grande desafio para as
farmácias. Contudo, não há problema na venda de medicamentos
sem receita médica noutros locais, uma vez que eles têm pessoas
especializadas na área. Todavia não é de todo uma medida que
melhore muito o sector e não é a melhor estratégia para baixar o
preço
dos medicamentos porque a maior margem dos lucros está na indústria de
fabricação dos remédios.
O aumento de stocks nas farmácias é um dos maiores encargos, quer em
termos monetários, quer em termos de espaço físico. O facto de existir
um número muito elevado de laboratórios, no caso dos genéricos, obriga
as farmácias a terem uma grande quantidade de medicamentos com a mesma
substância. E, mesmo assim, arriscam-se a não ter genéricos de
determinados laboratórios. O problema não é o genérico em si, mas a
grande quantidade de laboratórios a produzirem a mesma substância.
O sector farmacêutico não está mal. Ultimamente houve uma evolução
muito grande no sentido das populações estarem mais atentas à sua
saúde, prevenindo-se e sendo diagnosticado mais precocemente a sua
afecção. Todavia, o consumo de medicamentos tem vindo a
aumentar gradualmente. Os anti-depressivos têm um aumento de mais de
cem por cento. As pessoas aqui na aldeia já têm muitos problemas,
nomeadamente stress e, por isso, recorrem ao médico com frequência.
Em termos de projectos futuros, a Farmácia Mota pretende apoiar os
doentes com diabetes e hipertensão.
Projecto entre as farmácias e o Ministério da Saúde, que tem como
objectivo o acompanhamento dos doentes com esta patologia, em
simultâneo ao tratamento médico.
Continuar sempre a inovar, mas sem perder a tradição, é o grande
objectivo
deste estabelecimento.
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A Farmácia antiga |
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A Farmácia Mota, foi
fundada pelo farmacêutico Snr. Acácio Aníbal de Almeida
Mota.
Após a sua morte veio a suceder-lhe - na propriedade - o seu sobrinho
e Técnico de Farmácia Snr Ulisses António Carneiro
e a farmácia continuou, durante cerca de 30 anos, servindo as
populações sobre a direcção técnica de várias farmacêuticas, sendo de
salientar a direcção da Farmacêutica Sra Dra. Dª Elisa da
Glória Sobral Dias Leitão, descendente de uma das mais
ilustres famílias que aqui residiram e viveram.
Importa, sobretudo, salientar que durante um século (periodo
decorrente de 12 de setembro de 1899 a 12 de setembro de 1999),
particularmente nos tempos de maior pobreza, esta farmácia, na parte
medicamentosa, prestou altos serviços de saúde pública a populações
altamente carenciadas, muitas vezes sem possibilidades económicas que
lhes permitissem pagar.
Esta é a realidade a evidenciar e nunca compreendida nem reconhecida
pelas entidades públicas, em especial as ligadas ao sector da saúde.
Julgamos não constituir imodéstia relembrar os velhos tempos da
farmácia de oficina em que se preparavam nesta, mediante fórmulas
prescritas pelos médicos, a grande maioria da medicação necessária ao
tratamento dos doentes. Isto antes do advento explosivo das chamadas
especialidades farmacêuticas.
Claro que esta actividade profissional, vivida ao longo de dezenas de
anos, exigia do farmacêutico um esforço permanente na actualização das
diversas substâncias e preparações adequadas ao receituário médico
prescrito.
Era uma actividade muito bonita, muito exigente e, às vezes, muito
cansativa que este apontamento não permite descrever em pormenor.
A Farmácia Mota, a que nos vimos referindo, constituindo um marco
histórico é bem um símbolo da Vila da Ponte, pelos altos serviços
prestados aos doentes e pela sua longevidade.
Acreditamos que ela continuará, após a comemoração do seu centenário,
o seu longo caminho, agora sob uma nova propriedade e nova Direcção
Técnica, Drª Cristina Inocêncio.
Auguramos e desejamos que a sua existência se prolongue por mais um
século obedecendo ao mesmo espírito que norteou a sua acção: serviço,
solidariedade, humanidade.
Texto redigido por: Ulisses
António Carneiro |
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